Empresas precisam compreender fatores de ambientes macro e microeconômico. Afinal, estes aspectos podem causar mudanças no consumo, até mesmo por políticas cambiais. Entre estes fatores está o tema deste texto: os indexadores de frete.
Sendo assim, ter a compreensão desses indexadores é uma necessidade para as empresas que têm por objetivo a importação e/ou exportação dos seus produtos, uma vez que os armadores e/ou companhias aéreas podem utilizá-los devido a diversos fatores econômicos.
Os indexadores compõem o valor do frete internacional. Portanto, eles afetam diretamente o custo final do produto e, como consequência, os resultados financeiros da empresa.
O texto a seguir explora o tema dos indexadores de frete internacional. Abordaremos aqui quais são os principais indexadores, bem como quais são as taxas que podem ser relacionadas aos conhecimentos de embarque, além de possíveis estratégias para conseguir atingir o melhor custo-benefício na contratação do frete.
O que são indexadores de frete?
Ao definirem o valor cobrado pelos seus produtos e/ou pela sua prestação de serviços em um cenário global, as empresas realizam um estudo para definir a formação de preços que, por consequência, é relativo a determinado período do cenário econômico mundial.
Como há diversos fatores que fazem os preços apresentarem variações, é preciso atualizar os preços, para que a empresa não tenha prejuízo com a sua operação.
No cenário do comércio exterior, não é diferente. Então, armadores e companhias aéreas utilizam os indexadores de frete para “atualizar” os valores dos seus serviços, sendo que estes aparecem através da cobrança de taxas junto ao frete internacional, para que ocorra um nivelamento do valor mediante a situação causadora de algum desequilíbrio comercial.
O que afeta o valor do frete internacional?
Algum dos fatores que afetam diretamente o valor do frete internacional seriam:
- variação cambial;
- condições de mercado (um exemplo recente foi a pandemia da COVID-19);
- regulamentações dos governos;
- sazonalidade.
Principais indexadores dos fretes internacionais
Os principais indexadores que podem trazer o maior impacto no custo final do valor do frete internacional são:
- Bunker Adjustment Factor (BAF): a cobrança do BAF possui relação com a variação do preço do Petróleo e é atualizada de forma mensal de acordo com o valor do barril do petróleo no mercado internacional;
- Currency Adjustment Factor (CAF): aplica-se esta taxa para evitar possíveis prejuízos no momento do pagamento ao armador e/ou companhia aérea, dada a diferença cambial entre o embarque e o pagamento efetivo. No Brasil, geralmente cobra-se um percentual sobre a PTAX, que é a taxa referencial do Real (BRL) para Dólares Americanos (USD). Quando os valores estão em outra moeda estrangeira, considera-se o valor da conversão a partir dos boletins de câmbio do Banco Central do Brasil (BACEN).
- Peak Season Surcharge (PSS) ou General Rate Increase (GRI): é uma cobrança adicional que ocorre em certos períodos do ano devido à alta demanda.
Entenda as taxas do AWB
O Air Waybill (AWB) é o documento que permitirá o trânsito da mercadoria entre a origem e o seu destino no modal aéreo. Assim, ele contém todas as informações pertinentes à carga, como dados do importador e exportador, da carga e do voo.
Quando as mercadorias/produtos/matérias-primas de diversos importadores são consolidadas, emitem-se o House Air Waybill (HAWB) e o Master Air Waybill (MAWB). O agente é o responsável pela emissão do HAWB e a companhia aérea é quem emite o MAWB. O primeiro se refere à relação entre importador e exportador. Já o MAWB indica a relação entre o agente de cargas e a companhia aérea.
Cabe salientar que, mesmo utilizando um agente de cargas, existe a possibilidade de emitir somente o AWB, ou comumente conhecido como MAWB direto.
Os valores que geralmente aparecem no AWB são:
- frete;
- fuel surcharge (FSC);
- security surcharge (SSC).
Dependendo do Incoterm (Termo Internacional de Comércio) do embarque, pode aparecer também no documento o valor do pick-up, assim como outra tarifa, de acordo com a especificidade do embarque e/ou condições especiais apresentadas pela carga (como uma carga refrigerada, farmacêutica, perecível ou perigosa).
Vale ressaltar que a confecção do AWB deve obrigatoriamente seguir as Resoluções 600a e 600b da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).
Entenda as taxas do BL
Para o transporte marítimo internacional, considera-se o Bill of Lading (BL).
Além de atestar a respeito da posse da mercadoria, o documento contém informações do embarque, das partes envolvidas e as condições de transporte.
No modal marítimo, havendo a participação do agente de cargas e/ou com a ocorrência da consolidação, os documentos emitidos são o House Bill of Lading (HBL) e o Master Bill of Lading (MBL), sendo que o agente de cargas é quem emite o HBL e quem emite o MBL é o armador.
Em relação aos valores, além dos indexadores e do próprio valor do frete internacional, são cobradas taxas: taxa portuária, de movimentação do contêiner, segurança e monitoramento da carga e liberação do BL. Segue abaixo a sigla de alguma dessas taxas:
- BL Fee: liberação do BL;
- Terminal Handling Charge (THC): valor cobrado pela movimentação de cada contêiner;
- Bunker Adjustment Factor (BAF): ajuste para compensar a variação no preço do combustível, uma vez que esse é um dos maiores custos dos armadores;
- International Security and Port Security (ISPS): cobrança referente a ações de segurança e monitoramento.
Outras taxas podem ser cobradas devido a condições específicas do transporte ou de acordo com condições da rota, tais como:
- food grade: em tradução literal, significa “padrão alimento”. Trata-se do equipamento novo, que é solicitado por alguma necessidade específica do produto a ser transportado, não se restringindo especificamente aos alimentos;
- war risk surcharge (sobretaxa de risco de guerra): para quando a rota passa por regiões de guerra e/ou de conflitos;
- emergency risk (risco de emergência): para as rotas que possam sofrer algum tipo de intercorrência relativa à segurança, como por exemplo, um ataque pirata, que ainda é comum na região da África.
É possível evitar o GRI no frete marítimo internacional?
O General Rate Increase (GRI) é um dos indexadores de frete que representa, na sua tradução literal, o aumento geral da tarifa implementado pelos armadores em determinadas épocas do ano por diversos motivos.
O grande desafio de se evitar este indexador de frete é que não é possível antecipar quando haverá este aumento, já que esta situação não é algo regulamentado por qualquer governo. Em outras palavras, é um fator imprevisível, que depende única e exclusivamente das análises econômicas do armador.
Apesar de ser desafiador, é possível evitar o GRI com a implementação de algumas estratégias, que podem incluir a contratação de ferramentas de monitoramento e indexação dos valores cobrado pelos fretes internacionais.
Antecipe os embarques sempre que possível
Antecipar os embarques é um fator que pode trazer um benefício para toda a cadeia de suprimentos da empresa. Porém, é necessário que as áreas internas consigam se reunir e verificar o que, de fato, podem fazer para não gerar um trade-off, no qual economizam no frete internacional, mas acabam elevando o custo de estoque e diminuindo o capital de giro da empresa.
Dessa maneira, a saída pode ser realizar um planejamento criterioso, envolvendo as áreas internas, os fornecedores e os parceiros logísticos.
Fuja da Peak Season
A Peak Season também é um dos indexadores de frete, pois é um período de maior demanda que acaba gerando backlog, ou seja, o espaço disponível é inferior à necessidade real de embarque. Com isso, os armadores cobram um frete mais caro, além da incidência de alguma taxa para garantir o embarque.
Os grandes gargalos no transporte marítimo são causados por dois feriados chineses, sendo eles o Ano Novo Chinês, em fevereiro, e a Golden Week, que acontece em outubro.
Por outro lado, no modal aéreo, os gargalos acontecem geralmente nos períodos de férias e feriados, uma vez que os aviões de passageiros transportam muitas cargas em suas viagens. Nesses momentos, ocorre uma diminuição da capacidade da carga que pode ser transportada.
Negocie envios fracionados e/ou consolidados com o fornecedor
Uma alternativa estratégica é colocar um horizonte do planejamento logístico com o fornecedor. Dessa forma, verificam-se as datas que ele conseguirá entregar a carga e a possibilidade de fracionar os embarques ou consolidar os embarques com outras cargas.
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Muitas empresas desejam ter operações assertivas e rentáveis, mesmo em um cenário altamente volátil. Afinal, o perfil de consumo muda constantemente. Por isso, essas empresas necessitam não somente de um planejamento estratégico eficaz, mas também ter informações fidedignas, que possam fundamentar a utilização adequada dos recursos, pois esse é o fator chave para o sucesso global dos negócios.
A Cheap2ship é uma plataforma de gestão e contratação de fretes nacionais e internacionais, que desde 2017 vem utilizando dados atualizados sobre indexadores e valores dos fretes internacionais, a fim de cooperar estrategicamente com as empresas nas tomadas de decisões.
Dessa maneira, procuramos oferecer assertividade e otimização, além de auxiliar na análise da viabilidade econômica das importações.
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