QUAIS SÃO OS DESAFIOS A ENFRENTAR NA IMPORTAÇÃO DE QUÍMICOS?

Químicos estão presentes em diversos segmentos: tintas da construção civil, receita em escala de produtos alimentícios, tratamento de tecido do segmento têxtil, agricultura, limpeza, enfim, uma commodity com as mais variadas aplicações.

Mesmo o Brasil não sendo o país industrial que somos capazes de ser, fomos em 2018 o 14º maior importador do mundo, com 2,2% de participação mundial no segmento de químicos orgânicos, distante dos volumes de China, Estados Unidos e Alemanha, porém não irrelevante.

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E por ser uma commodity que, dependendo do tipo pode corroer, entrar em combustão, evaporar, explodir e diversos outros efeitos que vimos no seriado Breaking Bad, trata-se de um produto de logística trabalhosa com diversos desafios a enfrentar para realizar a importação.

Vamos conhecer algum deles?

Os custos da importação pesam muito na viabilidade.

Sendo commodity, sabemos que é um produto de baixo valor e desafiante para encontrar preços atraentes mundo afora, pois o transporte rodoviário e marítimo, dependendo da distância e valores, é capaz de inviabilizar a operação.

Assim como os portos brasileiros, se a carga for do tipo perigosa (IMO) é comum cobrarem mais que o dobro de custos com armazenagem e movimentação para justificar procedimentos de segurança.

Há casos que a cobrança é exagerada, por isso é importante procurar o porto de destino com antecedência para negociar tais custos.

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Sim, porto, eu sei armazenar meu químico com segurança, pode confiar!

É complicado focar apenas em preço com os prestadores serviço, pois infelizmente a logística pesa bastante no valor final, contudo não podemos abrir mão da qualidade dos serviços prestados.

Lembre-se também de consultar os benefícios fiscais dos blocos econômicos que pertencemos, como Mercosul e Aladi, além dos acordos bilaterais – todos são capazes de reduzir sua carga tributária.

Despacho Aduaneiro trabalhoso.

Um químico possui diversas aplicações, sendo útil para mais de um mercado, por isso é comum que eles necessitem Licença de Importação (LI) pré-embarque de órgão anuentes como:

• Departamento de Comércio Exterior

• Agência Nacional de Vigilância Sanitária

• Comando do Exército

• Polícia Federal

• Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento.

Alguns são fáceis de conseguir a anuência, possuem procedimentos padronizados e celeridade em se manifestar, outros são tão bagunçados, lentos e campeões em contradição, que justificam a criação de novos medicamentos ansiolíticos.

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Tem importador que toma Rivotril de canudo só de ver essa logomarca.

Seja o órgão anuente eficiente ou o caos na Terra, conseguir a autorização da LI demanda um tempo relevante que precisa ser considerado para definir o momento certo de reabastecer o estoque.

É o tipo de produto mais excluído pelos armadores.

A carga química é uma das mais problemáticas para alocar dentro dos navios, pois o limite máximo permitido por tipo de produto e a existência de substâncias que não podem ser transportadas em uma mesma viagem em razão dos riscos que podem causar para embarcação, tripulantes e demais carga, faz despencar o interesse do armador pela carga, esteja ela ou não enfrentando peak season (alta procura de frete).

E devido a esses riscos, não raro que cargas com Booking (reserva de espaço no navio) confirmado não embarquem, por quê? Dou um exemplo.

Digamos que eu queira importar 2 containers de 20` de um ácido que entra em combustão ao entrar em contato com água (como água da chuva ou do mar, que quase não tem no frete marítimo (Contém SARCASMO)), mas dei sorte e consegui uma reserva para embarcar daqui 7 dias.

Cinco dias depois, uma grande importadora de tecidos suplica ao armador que precisa embarcar urgentemente (para variar) 10 containers contendo papel em bobinas.

Adivinha quem vai ficar literalmente a ver navios?

A logística em terra também é sofrida.

Conforme a periculosidade, os caminhões precisarão realizar rotas especificas e com horários pré-determinados para transitar, entrar e sair dos portos. O manuseio da carga para ovar e desovar o container exige cuidados maiores e, consequentemente o tempo é sacrificando em prol da segurança.

E, infelizmente, os acidentes que acontecem nas fábricas são verdadeiras tragédias.

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Aconteceu agora em março na província chinesa de Jiangsu, 47 mortos, a explosão quebrou o vidro de janelas num raio de 5km.

Também é preciso cuidado com importações para o Brasil que passem pela Europa, os químicos provenientes de outros continentes, em especial da Ásia, são visados quando adentram em portos europeus e podem sofrer vistorias, serem retidos e até exigirem readequação de embalagem antes de seguir para o país de destino final (que sequer pode ser na Europa).

***

Conhecendo todos esses desafios, é natural concluir que importar químicos demanda mais tempo que o normal e inclusive um extra para se proteger dos eventuais atrasos que não somos capazes de controlar e evitar, e sabemos que poderão ocorrer a qualquer momento. E se demanda tempo, é necessário que a logística de armazenagem funcione.

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Este artigo foi escrito com os amigos da Amtrans e foi publicado originalmente em seu blog.

Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.