Tratar de ética ultimamente tem sido um dos grandes desafios de muitos segmentos do mercado brasileiro, e como não podia ser diferente aqui estou para falar da logística brasileira.
E aí? Você tem exercido sua atividade profissional de forma ética?
Tratando-se de logística estamos carecas de saber da quantidade de dificuldades que são criadas para que as facilidades sejam “vendidas”.
Nos meus últimos 15 anos de atividade logística, exercendo as mais diversas atividades, presenciei inúmeras formas de corrupção, e, portanto, segue algumas delas:
1 – A famosa caixinha que é dada para facilitar processos de descarga em centros de distribuição de varejistas e atacadistas;
2 – Contratadores de agregados que privilegiavam caminhoneiros e que também levam o seu por fora;
3 – Os populares compradores que sempre exigem seus pagamentos mensais para facilitar o processo de compra de serviços;
4 – Esquemas entre conferentes e motoristas que carregavam mercadorias além do previsto em notas fiscal, causando desvios;
5 – Executivos comerciais que também pagam propinas para pessoas chave de seus operacionais com o objetivo de dar prioridade de atendimento aos clientes de sua carteira.
6 – Pagar o famoso quebra para agentes públicos nas divisas dos estados por irregularidades na emissão de documentos ou certificados.
Sem citar situações que estão fora do nosso controle como a corrupção do estado, que acontece através de desvios em obras, acordos entre participantes de licitações que tem deixado nossa infraestrutura logística sem condições de avançar a pelo menos 20 anos.
A corrupção é um câncer institucionalizado que movimenta a riqueza de minorias e desfavorece o crescimento das maiorias.
Já cansei de ouvir de inúmeros donos de empresa que infelizmente é assim que o sistema funciona, e que quem não fazer parte disso está fora do mercado.
Como se não bastasse a crise que vem numa crescente. Em início de 2019 foi apresentado um pesquisa que demonstra claramente que o Brasil piorou no ranking de percepção de corrupção.
E não venham me dizer que é só tirar o PT que melhora, pois eles estão fora do poder e os escândalos de outros partidos continuam a aparecer. Ou não?
É claro que operação Lava Jato expôs todo este cenário da corrupção política no Brasil, mas punir políticos, sem mudar cultura, não transforma.
Todo mundo sabe que a corrupção aqui foi implantada sistematicamente com a chegada dos europeus. Desde 1500 esse tema é muito atual e se tornou sistêmico depois das caravelas de Cabral.
De acordo com o artigo de José Herval Sampaio Júnio, Mestre e Doutorando em Direito Constitucional, O DNA da corrupção, infelizmente, está em um cada um de nós!, não podemos continuar transferindo a nossa responsabilidade !
O DNA da corrupção, infelizmente, está em um cada um de nós!
Não podemos continuar transferindo a nossa responsabilidade !
A população muitas vezes se revolta e se sente uma vítima desse mal – que se alastra no seio das sociedades, não se obstando por limites culturais, temporais ou territoriais – e ignora sua parcela de culpa.
Em uma sociedade corrompida que finge ser contra a corrupção, ninguém é inocente. E os políticos são apenas um reflexo das pessoas que representam.
Mas como virar este jogo?
Como acabar com a corrupção?
Muitas das grandes empresas sempre exigiram que transportadores e operadores logísticos assinassem as famosas regras de compliance, mas podem notar que muitas destas organizações corruptas estão plantadas dentro de estrutura internalizada e invisíveis aos seus gestores.
De acordo com Fausto Macedo, repórter de política do jornal “O Estado de São Paulo”, todos os países que reduziram drasticamente a corrupção nos últimos 50 anos (Hong Kong, Singapura, Ilhas Maurício, Botsuana, Alemanha depois dos anos 90 etc.) combinaram duas coisas: repressão com educação (ensinando, sobretudo; ética).
Mas no plano cultural, além da ética, a grande mudança nos costumes (nas tradições) decorre do sentimento de vergonha.
Quando todos nós sentirmos vergonha do “jeitinho” e da corrupção, eles começarão a desaparecer.
Há duas décadas as pessoas ainda fumavam nas mesas onde se comia. Hoje tornou-se impossível acender um cigarro onde estamos tomando refeições. Esse é mais um exemplo de que os costumes se alteram.
Não é verdade, portanto, que nada se pode fazer para mudar profundamente a cultura da corrupção.
Quando todos sentirmos vergonha da corrupção, da divulgação de fatos que revelem sérios desvios de conduta, do ato da prisão, do processo, da condenação e de eventual encarceramento, com certeza deixaremos de ser o 4º país mais corrupto do mundo (depois da Venezuela, Bolívia e Chade), segundo o Fórum Econômico Mundial (Suíça).
É fundamental que o corrupto sinta vergonha de ser corrupto, sobretudo diante dos filhos, dos parentes, dos amigos, dos conhecidos. É o fim da impunidade dessa delinquência nefasta que começa a gerar vergonha.
Repressão (iniciada pelo mensalão e pela Lava Jato), educação (ética) e vergonha. Nessa trilogia reside a cura para a cultura do “jeitinho” e da corrupção.
Nenhum corrupto pode ter orgulho de dizer que sabe como escapar das consequências da lei, e além disso como dizia Renato Russo, mentir pra si é sempre a pior mentira.
Portanto a única forma de mudar uma cultura errada é não fazendo parte dela, é exigindo das autoridade públicas através de grupo empresariais e sociedades civis aquilo que pertence ao povo, como boas estradas, infra-estrutura digna aos nossos caminhoneiros e extinção de “lobbys” que dificultam ampliação de estruturas portuárias mais adequadas para atividades como cabotagem, expansão de nossas ferrovias, além de outas inúmeras ações necessárias.
Mas esta é uma questão que depende de todos nós, nas mínimas atitudes diárias em quebrar sistemas que desvirtuam e tem levado nosso Brasil para o buraco.
E entendam não estamos falando de política e muito menos de partido político, mas simplesmente de atitude.
Você acredita que podemos mudar esta cultura? Deixe seu comentário.
Até a próxima.
Artigo em parceria com:
Rosana Corrêa:
https://www.linkedin.com/in/rosanacorrea/
Especializada em Inteligência de Mercado(BI) pela FGV, e Marketing Digital pela Rock Content, que elevaram o nível do meu planejamento e estratégias de negociação, utilizando como ferramenta plataformas de inteligência de mercado que me ampliaram minha capacidade de mapeamento e entendimento do público alvo, além de minha capacitação em Vendas e Técnica de negociação pela BMS – Business Marketing Solution, e ministrada por James Finger, especialista em Outbound, que me permitiu aprimorar a elaboração de SPEACHs para realização de prospecção ativa (cold call) com mais efetividade.
blog: www.mulheresnalogistica.com.br