Como os Custos Brasil encarecem as importações

Sabemos na prática como os Custos Brasil encarecem nossas importações e que maioria deles existe desde que o Brasil é Brasil, portanto acabamos por normatizar o que está errado. Diante disso, o assunto necessita de dados para ser comparado a outros países, portanto os dados apresentados neste artigo são: Relatório de Competitividade Global 2019 da World Economic Forum.

Neste relatório, aparecemos como o 71º país (de 141) mais competitivo do mundo (em 2018 o Brasil estava em 70º lugar) e o 8º da América latina, estando em nossa frente:

  1. Chile (33)
  2. México (48)
  3. Uruguai (54)
  4. Colômbia (57)
  5. Costa Rica (62)
  6. Peru (65)
  7. Panamá (66)

Com base nesses dados, não podemos nem querer comparar o Brasil aos países do G8, assim basta olharmos nossos vizinhos para concluirmos que não somos competitivos e que nos acomodamos no fato de sermos a 10ª maior economia do mundo. Dito isto, vamos confrontar os dados com a prática para entendermos mais os Custos Brasil presentes na importação.

Segurança

Considerando que nosso tempo médio de escolaridade (tradução livre de mean years of schooling) encontra-se na 101ª posição mundial e nossa taxa de homicídio em 132ª, portanto não é de estranhar que estamos na 132ª posição em Segurança.

A falta de segurança está nos roubos de caminhões, no saque quando sofrem acidentes e, em razão destes medos, caminhos mais longos precisam ser feitos em horários específicos, em prol da segurança.

Quanto menos segurança temos, mais se gasta em proteção e mais caro ficam os seguros.

Difícil um profissional de importação que não tenha acionado o seguro devido a furtos em armazéns, inclusive os alfandegados (que não tem ponto cego por lei!), que ocorreram durante canais vermelhos ou separação de carga consolidada.

Infraestrutura logística

Temos alguma conectividade em nossas rodovias (69ª), porém pecamos ainda na qualidade delas (116ª), o que deveria ser muito melhor, já que nossa malha ferroviária em densidade é a 78ª e em qualidade do serviço a 86ª.

Por desprezarmos a ferrovia e cabotagem, temos mais caminhões nas estradas deteriorando as rodovias com seus pesos (muitas vezes ilegais) e gerando trânsitos devido à velocidade reduzida em longas distâncias, sem mencionar quando param completamente o tráfego das estradas gerando quilômetros de congestionamento em consequência de acidentes.

Para deixar claro, o caminhoneiro não é o culpado, é a falta de estrutura nos demais modos de transporte que são mais indicados para longas viagens.

Apesar de gigante no território, há anos que não temos mais que 1,5% de participação no comércio mundial, logo, as poucas importações e exportações não fazem crescer a necessidade de mais portos, que aparecem hoje na 104ª posição na qualidade de serviço portuário.

Por consequência, somos limitados a trabalhar com os poucos disponíveis e com baixíssima capacidade para negociar.

Carga tributária

A complexidade de nosso sistema tributário não é segredo, nem a declaração do Imposto de Renda para Pessoa Física é simples, o que não imaginava é o quão complexo é para as empresas: estamos na 136ª posição nesse quesito e, de acordo com o Doing Business 2019 (p. 159) do Banco Mundial, as empresas no Brasil gastam em média 1958 horas calculando e pagando impostos.

 

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Além do tempo calculando e pagando, há muita informação interpretativa que mesmo na melhor das intenções, erramos e pagamos juros e multas capazes de comprometer a saúde financeira de qualquer empresa.

A verdade é que não devíamos precisar contratar alguém por causa da complexidade dos impostos da importação.

Corrupção

Considerando os números anterior, devemos encarar como satisfatório estar na 91ª posição, mas é importante sempre buscar posições melhores.

Parece óbvio dizer isso, mas primeiramente se queremos que todos os Custos Brasil reduzam, precisamos que a Corrupção reduza (o ideal é que inexistisse), pois ela vê a oportunidade em qualquer segmento e consequentemente encarece indiretamente os Custos Brasil que afetam a importação.

Existem também os casos diretos, como por exemplo:

  • propinas para liberar mercadorias em canal vermelho;
  • para conseguir autorização para cargas superdimensionadas circularem em ruas/rodovias;
  • para o caminhoneiro entregar a mercadoria no armazém antes dos outros; ou
  • para o importador contratar frete internacional daquele que paga uma comissão por fora.

 

E você, leitora(o)?

Quais Custos Brasil mais lhe afetam nas importações? Sente estarmos melhorando ou piorando? Qual outro custo ficou de fora? Suas experiências irão enriquecer o conteúdo e poderão ser úteis aos outros.

 

Artigo escrito por: Jonas Vieira.