Há quase um ano publiquei a Parte 1 deste artigo e foi a partir dela que comecei a conhecer e conversar com diversos profissionais de comércio exterior, seja através dos comentários, seja inbox e uma pequena parte pessoalmente.
Isso, para mim, é uma das melhores recompensas por escrever 🙂
E tanto contato profissional facilitou o trabalho de preparar mais estes conselhos, pois através deles adquiri mais experiências capazes de aprimorar minha perspectiva para reunir o que acredito ser relevante para essa segunda parte.
O objetivo do texto continua o mesmo do primeiro, ajudar a nova geração em início de carreira a não cometer erros ou chegarem a ponto de concluir que não serão felizes nessa, para procurarem outra o mais cedo possível.
Seu primeiro emprego vai ser bem chato.
Independente de já ser formado e ter morado um ano na Austrália, se nunca trabalhou, é provável que sua carreira comece como Estagiário, Menor Aprendiz ou, na melhor das hipóteses, Assistente sem nenhum privilégio como horário flexível, acesso à Wi-Fi e computador com dois monitores. Mantenha os pés no chão.
É preciso ter conhecimento prático, aprender a usar os programas de Comércio Exterior, de ERP e se acostumar com as particularidades da empresa, coisas que as graduações são incapazes de ensinar por completo em sala de aula.
Seja grato que existem os trabalhos chatos e pouco desafiadores, alguém precisa fazê-los e com eles é possível errar sem causar (grandes) prejuízos – e, saiba, você vai errar e muito! É fazendo M que se aduba a vida. Quando dominar a parte simplória e demonstrar ter postura e interesse para aprender mais, novas oportunidades serão apresentadas.
Tenha em mente , nova-geração-cheia-de-pressa, leva-se meses para dominar o básico de uma função, ficar pulando de um emprego a outro apenas porque achou chato só vai prolongar seu tempo nesse período.
Depois do trabalho chato, cuidado para não ficar babaca.
Avisei na Parte 1, ‘’não se iluda com o nome do curso’’, e mesmo que tenha seguido esse conselho, ainda existem os inseguros que precisam “provar” para os colegas que o trabalho deles de Comércio Exterior é, sim, uma vida glamourosa e a melhor de todas.
Profissional de Comex babaca contando para os outros como vai visitar clientes.
Por vezes que as próprias empresas são responsáveis por inflar o ego de seus profissionais, nota-se pelos nomes malucos e quase em inglês, de cargos como Business Trade Intelligence Whatever Strategist Assistant, designado para a função responsável pelo incrível trabalho de alimentar planilha do setor comercial e mandar apresentação da empresa por e-mail.
Alguns sintomas do babaca de Comex são:
- Se veste gritantemente de forma superior a todos, inclusive em comparação a chefes e diretores;
- São apegados ao nome do cargo;
- Acha que pessoas bem sucedidas só trabalham em multinacionais (falarei mais adiante).
- Repete seguidamente palavras e termos em inglês numa conversa em português;
- Assinatura de e-mail toda em inglês (talvez a culpa seja da padronização da empresa, mas… soa babaca); e
- Forte Caráter de Prolixidade, fala e envia e-mails pomposos e recheados de termos técnicos que não concluem nada.
Se identificou, mesmo que em partes? Nunca é tarde para mudar, sei disso pois não sou nenhum Mestre Zen da humildade ?.
Informe-se antes de migrar para outras áreas.
Vivemos em tempos dificílimos para quem busca o primeiro emprego em comércio exterior, sei pela quantidade de pessoas que me procuram para conversar sobre, é evidente que o momento não permite escolher onde trabalhar, talvez você tenha conseguido emprego num Despachante Aduaneiro mas sua vontade era de atuar com agenciamento de carga.
Se está num trabalho que não se vê atuando no futuro, bem, pelos menos absorva o conhecimento disponível nele – se querem saber, faz mais de 7 anos que eu não utilizo o Siscomex e o que eu aprendi com ele ainda me é útil hoje.
É, faz tempo…
Ao mesmo tempo, sugiro que utilize seu networking para conversar com colegas que atuem em outras áreas, somente quem está vivendo a prática pode lhe dizer como é de verdade (só não converse com o babaca, pois o trabalho dele é perfeito) e, dessa forma, evitará mudar para outro segmento com o risco de não gostar também, vai que o seu negócio no comércio exterior é trabalhar na área portuária?
Trabalhar em multinacional nem sempre é isso tudo.
Evidente que no comércio exterior as multinacionais são as mais propícias a terem setores de importação e exportação e também costumam ser empresas mais famosas, logo, são as primeiras a serem procuradas. No entanto eu, que já passei por três multinacionais, vejo hoje que essa qualidade não é um diferencial tão importante.
Um estabelecimento estar presente em mais de um país não significa que ela é um bom lugar para trabalhar.
Numa dessas que atuei, tenho saudades até hoje dos meus colegas de trabalho, saí de lá com amigas(os) e irmãs(os), já em outra, não voltaria nem pelo triplo do salário pois sei que gastaria o aumento com remédios para lidar com a toxicidade e arcaicas culturas de relacionamento.
Entenda a real, se você está cercado de pessoas inclinadas a te ajudar, com mindset (<- palavra babaca) empreendedor, ausente da preguiça de mudar para melhor, provável que esteja mais realizado do que eu fui em alguma dessas que mencionei.
Publicação em parceria com:
Jonas Vieira
https://www.linkedin.com/in/jonasvieira/
Quem é o Jonas?
É um cara formado em comércio exterior, que trabalha há mais de dez anos com importação, compras e logística internacional, e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Agora ele quer dividir essa experiência com todos, de forma simples e bem humorada.
Palavras chaves: cheap2ship / c2s / frete internacional / redução de custos / comércio exterior / logística / cotação de frete / importação / exportação