Neste artigo falaremos sobre um tema básico para todos os profissionais do comércio exterior, que precisam conhecer melhor o que o modal marítimo pode trazer de benefício para o transporte da sua carga e ainda conhecer mais a fundo como funciona todo o processo para a contratação de um frete para embarcações.
O principal e mais utilizado modal na logística internacional é o marítimo, que pode ser utilizado para o transporte de mercadorias de diversos tipos de volume ou de dimensões.
Porém, existem também as obrigações tributárias que envolvem a transação no momento da contratação do frete, como é o caso do bunker, sendo um dos custos que mais impactam na precificação final.
Iremos dar um “breve passeio” sobre assuntos que irão dar sequência ao nosso tema principal, mas que também irão auxiliar no ordenamento do pensamento. Confira a leitura até o final e saiba tudo!
Frete marítimo: o que é e quais são os tipos?
Neste momento iremos conceituar o frete marítimo, pois já falamos que por ser o mais utilizado por conta de sua alta capacidade de transporte, tem também as suas especificações importantes.
Existem dois tipos básicos de frete marítimo para efetuar as movimentações no comércio exterior, que são:
- fcl – quando o contêiner tem a sua capacidade total utilizada;
- lcl – quando o contêiner vem com parte da capacidade ocupada.
Esses tipos de frete são realizados por empresas com objetivos distintos e seus valores também são diferentes. Todo o tipo de frete marítimo é composto por uma taxa básica, a qual varia de acordo com o peso ou o volume da carga, prevalecendo sempre o que tiver maior lucro para o armador.
Abaixo, listaremos alguns tipos de taxas cobradas nos fretes marítimos, que são:
- bunker surchage que é a sobretaxa de combustível;
- ad-valorem que é o percentual recaído sobre o FOB;
- heavy lift charge que é a taxa para volumes pesados;
- extra lenght charge que é a taxa para volumes com grandes dimensões;
- sobretaxa de congestionamento que ocorre na demora para o navio atracar;
- currency adjustment que é o fator de ajuste cambial;
- adicional de porto que é cobrado para a carga fora da rota.
Concluindo, ainda temos três modalidades de fretes que são necessárias para realizar a cotação. São elas:
- frete pré-pago imediatamente após o embarque;
- frete pago no destino pelo importador na retirada da mercadoria;
- frete a pagar em qualquer lugar do mundo com notificação ao armador.
Quais são os pontos de atenção na contratação do frete marítimo?
As empresas que trabalham no comércio exterior precisam dar importância para alguns detalhes valiosos no momento de contratar um bom frete marítimo, como:
- a primeira negociação para decidir o tipo de pagamento do frete;
- verificar o recinto aduaneiro para evitar a demurrage da mercadoria;
- conferir a contagem de free time da carga;
- verificar as condições do contêiner antes da retirada no porto.
O que é Bunker e quais são as taxas na composição do frete marítimo?
O bunker também é conhecido como BAF (Bunker Additional Fuel) é a sobretaxa de combustível aplicada em percentual sobre o frete básico contratado, com o intuito de cobrir os custos de combustível durante a movimentação da mercadoria.
Para o cálculo de frete marítimo, deve-se considerar as taxas definidas pelo armador ou pela transportadora, além dos custos que serão pagos por conta do manuseio e desembaraço da carga no porto.
Geralmente, são apresentadas nas cotações a operação do frete básico (freight basic), prevalecendo o fator que incida maior receita para o armador, variando entre o peso ou o volume e as demais características analisadas nas mercadorias.
Fatores que contribuem na alteração do frete marítimo
O bunker assim como outras taxas e sobretaxas mencionadas anteriormente, compõem a precificação do frete marítimo. Porém, existem também alguns outros fatores que impactam na alteração desses custos. São eles:
- fatores inerentes às mercadorias;
- fatores legais;
- fatores comerciais;
- fatores geográficos;
- fatores políticos, sociais e econômicos.
Ainda assim, a precificação do frete pode ser influenciada pelas variações das rotas, portos frequentados, navios utilizados, tipos de mercadorias a serem transportadas, moeda usada na transação comercial e o sistema econômico, administrativo e comercial dos países de origem e de destino.
Bunker com biodiesel para um frete sustentável
A viabilidade de adição de 7% do biodiesel ao óleo diesel marítimo é uma expectativa positiva e que trará benefícios ao meio ambiente.
Com o objetivo no aproveitamento da experiência brasileira na produção desse biocombustível, parcerias são estabelecidas entre multinacionais e universidades para que os testes sejam efetuados, inclusive, diretamente nas embarcações.
Especialistas alegam que essa estratégia poderá oferecer um ganho de escala para o mercado de navegação, além de reduzir o valor do combustível mais “limpo”, gerando ganhos para as empresas do comércio exterior na cotação do preço do frete.
O governo federal estuda o programa Combustível do Futuro que servirá para expandir essa alternativa para a maior descarbonização do frete marítimo nacional.
Como o Bunker afeta o mercado de frete marítimo?
Segundo dados da Petrobrás, a tonelada do bunker é vendida, em média, por US$ 1.200, ocasionando um reajuste de 100% desde janeiro de 2022, porque os preços de combustível marítimo estão alinhados aos dos principais portos ao redor do mundo.
Desta forma, os custos para os navios têm sido de 45% nas operações de frete, sendo muito impactado pelos valores da cotação do petróleo tipo Brent.
De acordo com a ANTAQ, no Brasil foram movimentadas 187 milhões de TON de cargas para o exterior e 50 milhões de TON dentro do país, tendo efeito imediato nas negociações, com oscilações nos preços, cotados em dólar e sem seguir à uma política de paridade.
Conforme a ABAC, os gastos com combustível representam 60% das operações marítimas, refletindo também em demasia no setor. Diante do gargalo ocasionado pelo lockdown na China, a logística marítima mundial foi impactada, ocasionando a diminuição da demanda de bunker com os navios parados.
Mas, com a retomada das movimentações, superando as expectativas, a quantidade de combustível não foi suficiente. Atualmente, a situação causa alta nos preços de combustível quando o valor na bomba supera o que foi negociado em contrato, tendo que o contratante que pagar pelo excedente.
Alta no combustível marítimo nos últimos meses
Diante de tudo isto, percebemos que o nosso setor de transporte marítimo precisa avaliar a perda de mercado que ocorreu após o fim do convênio com a Argentina e o Uruguai e assim, apostar mais no aumento do transporte de cargas nas rotas entre o Brasil e outros países, com uma entrada maior de empresas estrangeiras no mercado nacional, que movimenta mais de 20% no volume de encomendas.
Esperamos que o assunto do artigo tenha feito sentido para você e que assim, os conhecimentos agreguem mais valor para o momento em que necessitar efetuar a cotação do preço do frete marítimo.