6 Soft Skills essenciais para você ter sucesso no Comércio Exterior

Em algum momento na vida do comércio exterior (e diversas outras), trabalhamos com aquela pessoa que se formou com louvor na faculdade, aprimorou o inglês estudando em Cambridge, participou de uma penca de cursos, fez 3 MBA antes do 30 anos e na última, teve o diploma entregue pelas mãos do Bill Gates.

Seu currículo é lindo na formação acadêmica, mas basta recebermos um e-mail ou ligação dela para despertar todo nosso ranço.

Inveja? Ninguém anda com o CV colado na testa, trata-se de uma pessoa que investiu bastante tempo desenvolvendo suas Hard Skills e negligenciou as Soft Skills.

Soft e Hard Skills?

Sendo breve com o texto do Vagas.com:

”Soft skills são competências comportamentais, ou seja, atributos pessoais que você precisa ter para ser bem-sucedido no local de trabalho. Ao contrário das hard skills, chamadas de competências técnicas.’’

Francamente, prefiro simplesmente chamar de Virtudes, pois dizem respeito a comportamentos que demandam energia e geram o bem a si mesmo e aos demais envolvidos – mas vamos seguir com os jargões da moda.

Estas 6 soft skills foram escolhidas considerando minha trajetória profissional no comércio exterior, algumas me são inerentes, outras exigiram (e ainda exigem eterno) desenvolvimento, e há aquelas que aprendi apenas quebrando a cara… diversas vezes.

1- Comunicação

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No início de minha carreira acreditava que para ser visto com seriedade precisava me comunicar com colegas de outros setores e superiores com linguajar similar a uma mistura de Pero Vaz de Caminha com Ministros do STF discutindo sobre nossa Constituição.

Era a pressa jovem de crescer rapidamente na vida pelo caminho boçal.

Comunicar-se significa ser entendido e quanto menos palavras forem necessárias para isso, menos você gastará o seu tempo e dos outros, se falhar em ser compreendido, assuma a culpa e reformule-se, ninguém tem a obrigação de saber como sua cabecinha funciona.

Por e-mail, esqueça o que você aprendeu sobre escrever com sua monografia, ninguém as lê por prazer porque sua estrutura não é nada convidativa! Separe seus pensamentos em parágrafos, use frases sucintas e palavras simples, isso não fará de você um pior profissional.

Se você manda mensagens enroladas, com parágrafos que ultrapassam dez linhas, pode ter certeza que ele será procrastinado.

2 – Pensamento crítico

O trabalho operacional do comércio exterior pode ser bastante rotineiro e nos prender a uma perigosa zona de conforto que nos faça agir como robôs que não contestam – este assunto me preocupa e já escrevi sobre ele no texto: Como podemos evitar ser um robô no trabalho e não ser demitido por um?

Entenda seu trabalho e procedimentos com maestria e depois, reflita e conteste-o! Comece a questionar por que deve ser feito de tal forma e como é possível corrigir ou melhorar, as mais simples perguntas podem levar relevantes avanços:

  • Por que é preciso imprimir e assinar se já foi aprovado via sistema?
  • Por que preciso lhe enviar por e-mail, se está salvo no servidor que você tem acesso?
  • Não é melhor eu lhe prestar contas depois que foi feito, ao invés de aguardar sua autorização?

Problemas não foram feitos para serem aceitos e sim resolvidos, tire a pedra do sapato ou compre um calçado novo.

‘’Se você se limitar a trabalhar como um robô, facilitará a decisão dos seus superiores caso um dia precisem reduzir a mão de obra, robôs não expressam sentimentos.’’

3 – Adaptabilidade

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Eu passei mais de uma década trabalhando no ramo naval e neste ano mudei para o segmento químico, admito que no começo senti como se eu tivesse resetado minha carreira, bate um pouco de desespero mas os boletos continuam vindo e os cães precisam de ração.

Parafraseando o filósofo Heráclito de Éfeso: ‘’A única constante é a mudança’’ e o comércio exterior demanda adaptabilidade em mais do que trabalhar em outra empresa e com diferentes mercadorias, seguidamente somos apresentados a novidades de sistemas, de procedimentos aduaneiros, atualização de legislações, movimentações geopolíticas…

Resumindo de forma bem franca: se você é muito resistente a mudanças, o comércio exterior não é para você.

4 – Responsabilidade

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Já peço antecipadamente perdão pelo meu francês.

Você vai fazer merda, basta trabalhar para isso acontecer, logo, assuma-as quando acontecerem e não perca o tempo do outros se justificando ou empurrando a culpa a um terceiro, além de falta de comunicação, isso é infantil.

Limpe a própria bunda.

Quando acontecer, admita o quanto antes e, se necessário, escale para seu superior e, de preferência, apresentando uma solução imediata para evitar que os demais envolvidos notem por conta própria (e algum FDP use para ferrar contigo), dessa forma, os afetados estarão mais inclinados a ajudar a resolver e lhe condenarão menos por isso.

Erros fazem parte do aprendizado, mas aprenda com eles! É fazendo merda que se aduba a vida, mas jardim algum cresce apenas com adubo.

E depois que dominar os atuais trabalhos e os erros praticamente inexistirem, é hora de pedir novas responsabilidades.

5 – Proatividade

Esta soft skill é imprescindível para se tornar um respeitável líder, pois o proativo faz acontecer e sua atitude inspira pelo exemplo.

No comércio exterior, processo parado é prejuízo e se a âncora dele for um problema, é um tentador convite à procrastinação, e não me refiro a clássica ‘’Vou tomar um café antes de resolver isso’’, e sim a de empurrá-lo para o final da fila de afazeres, apenas para evitar encará-lo.

Talvez você não seja a pessoa certa para resolver, mas sua proatividade de relembrar do problema à equipe pode bastar para que alguém se mexa.

E se o problema foi causado por você, evite a tentação de engavetá-lo e volte ao item acima sobre Responsabilidade, pois é, às vezes precisamos de duas soft skills juntas para trabalhar.

6 – Trabalho em equipe

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O da direita parece o meu Tommy S2.

O comércio exterior funciona através de um gigante trabalho em equipe, muito maior do que seus colegas de setor, capaz de envolver pessoas localizadas em 2, 3 ou mais países numa única operação.

Se não for da área, sugiro que leia em seguida:

Quais prestadores de serviço atuam numa importação?

Evidente que com tantas pessoas envolvidas é muito fácil que uma operação saia dos trilhos e são nesses momentos que o trabalho em equipe é necessário.

Pois é fácil dizer que sabe trabalhar em equipe se nunca experenciou um conflito com eles antes.

Como mencionei em pensamento crítico, problemas existem para serem resolvidos e deve ser a única preocupação até que seja, de fato, resolvido, pois é comum no comércio exterior os profissionais infantis se preocuparem primeiramente em apontar o dedo, ao invés de colaborar com a solução.

Depois de resolvido, entenda o que aconteceu, converse com os responsáveis, desenvolva um plano de ação para que não ocorra novamente e resolva os possíveis prejuízos financeiros causados.

Simples, profissional e livre de vaidades para seguir em frente.

E, lembre-se, um trabalho em equipe de qualidade lhe destacará com seus clientes e entre as outras empresas envolvidas nas operações, consequentemente seu networking lhe disponibilizará mais oportunidades. 

***

É preciso outras? Sem dúvida, aqui me limitei à minha humilde carreira profissional. Certamente existem outras que possam até, dependendo do setor, empresa e inúmeros outros fatores, serem mais importantes que estas apresentadas.

Naturalmente que falhamos em exercer as soft skills com continuidade, o que é normal, somos humanos afinal de contas. É preciso desenvolvê-las através do hábito, reflexão e feedback. Não é fácil, mas a vantagem é que é um aprendizado gratuito e elas serão mais lembradas que as Hard Skills.

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seublog.

Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como  Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?